Felicidade, depressão e suicídio: Desmistificar para apontar caminhos
- Samanta Wessel
- 11 de set. de 2020
- 3 min de leitura
Precisamos falar sobre saúde mental porque é ela que nos impulsiona a lidar com as dificuldades, vencer desafios e superar a nós mesmos, todos os dias.

Depressão não é o contrário de felicidade.
Entre uma coisa e outra, existe uma infinidade de sensações, pensamentos e estados psíquicos. Algo que mais tem adoecido nossa sociedade é a busca desenfreada por um ideal de felicidade. Estimulado pelas redes sociais, esse ideal parece estar geralmente atrelado a coisas, experiências, viagens, status e relacionamentos. Eis um grande erro. Felicidade é um estado psíquico que tem a ver com uma série de fatores da nossa história de vida, personalidade e autoestima. Felicidade é algo que nasce de dentro pra fora e pode acontecer durante uma grande viagem ou em casa, no meio de um dia comum, até mesmo lavando a louça.
Um episódio depressivo é marcado por sintomas como: humor deprimido e/ou irritadiço, sentimento de tristeza, culpa, sensação de vazio, choro constante, desesperança, alterações nos interesses, nos hábitos alimentares ou de sono, pensamentos sobre morte ou ideação suicida por no mínimo duas semanas, podendo durar meses.
Depressão também não é tristeza.
A tristeza é uma reação natural às situações da vida. Muitas pessoas usam a palavra depressão para explicar esse tipo de sentimento, mas a depressão é muito mais do que tristeza. Algumas pessoas descrevem a depressão como “viver em um buraco negro”, de onde têm a sensação de que não conseguirão sair, além de um sentimento de vazio e impotência constante.
Depressão não tem cara, não tem nome, endereço, nem classe social.
Hoje sabemos que a depressão, a bipolaridade e outras doenças psicológicas, podem ter origem genética e possuem um fator químico muito importante. Muitas famílias viveram com pessoas deprimidas ao longo de gerações, e como não havia o saber científico a respeito, a tristeza constante, a apatia, os altos e baixos de humor e o isolamento eram encarados como algo típico da personalidade daquela pessoa. ”Ele/ela é assim mesmo!” - Quem já ouviu isso? Mas na verdade, esses são sintomas de que algo não está bem com aquela pessoa.
Um episódio depressivo é marcado por sintomas como: humor deprimido e/ou irritadiço, sentimento de tristeza, culpa, sensação de vazio, choro constante, desesperança, alterações nos interesses, nos hábitos alimentares ou de sono, pensamentos sobre morte ou ideação suicida por no mínimo duas semanas, podendo durar meses. Ter tido um episódio depressivo aumenta as chances de ter novos episódios ao longo da vida e a tendência é que eles se tornem cada vez mais intensos.
A depressão bipolar é marcada por episódios cíclicos de humor deprimido (como os sintomas descritos acima), alternados com episódios de humor eufórico ou irritadiço, por exemplo. Tratamento medicamentoso e acompanhamento psicológico são fundamentais nesses casos, pois a depressão bipolar é o fator de risco mais significativo para o suicídio. Dentre os demais fatores de risco para o suicídio estão: histórico de suicídios na família, tentativas anteriores, histórico de abuso, traumas e perdas significativas, dependência química e condutas de risco.
Dois dos problemas enfrentados por quem está em sofrimento psíquico são o preconceito e o desconhecimento.
Às vezes, amigos, tentando ajudar, dão conselhos do tipo: “você precisa sair mais, arrumar algo pra fazer”. Quem está em sofrimento psíquico não irá se beneficiar com esse tipo de conselho; não porque não quer, mas sim porque não consegue.
O melhor a fazer é ouvir, mostrar-se presente e ajudar a pessoa a buscar orientação profissional.
Diariamente milhões de pessoas pensam que acabar com a própria vida é o único caminho possível para se livrar de sua dor. Algumas vão às vias de fato. E nunca será natural saber que alguém tentou ou cometeu suicídio.
Dizem que a ideação suicida é uma doença da alma. De fato, dói na alma, mas é através do cérebro que se encontra a solução. Quando falo cérebro, refiro-me a processos químicos e psíquicos, que podem ser revertidos através de tratamento medicamentoso e psicológico, dependendo de cada caso. Depressão é coisa séria e precisamos falar sobre, tantas vezes quantas forem necessárias, até que se quebrem os tabus, os medos, as vergonhas.



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