DOENÇAS SILENCIOSAS - Comportamentos autolesivos na adolescência
- Samanta Wessel
- 30 de set. de 2020
- 2 min de leitura
Texto integrante da série "Atenção à Vida", alusiva ao Setembro Amarelo, mês dedicado a pensarmos e falarmos sobre a prevenção ao suicídio.

Em geral, as pessoas que convivem com adolescentes percebem as mudanças físicas, hormonais e de interesses. Já o adolescente, depara-se com mudanças na forma de pensar, sentir e olhar para si mesmo. Agora, aquela criança alegre e brincalhona, busca construir a sua própria identidade, mas também passa a se avaliar, cobrar-se, e até mesmo, esconder-se. Isso, além de uma tendência a ser mais silenciosa e “virtual”, vindo a ter menos relações sociais e preferindo interagir com grupos de iguais.
A ansiedade atinge até 8% dos adolescentes, sendo duas vezes mais comum em meninas. Já a depressão é o fator de risco mais importante para os comportamentos autolesivos. Pesquisas indicam que 60% dos jovens com depressão já pensaram em suicídio e 30% já tentaram. A depressão anula o seu dia-a-dia, interferindo em sua capacidade de estudar, comer, dormir e divertir-se. Os sentimentos de solidão, desesperança, inutilidade são intensos e implacáveis, com pouco ou nenhum alívio.
A ansiedade atinge até 8% dos adolescentes, sendo duas vezes mais comum em meninas.
Comportamentos autodestrutivos – a AUTOLESÃO
A prática de autolesão é comum entre os adolescentes que estão passando por algum sofrimento emocional, por isso é necessário estarmos atentos e compreender os gatilhos e consequências deste comportamento autodestrutivo. Cortar a pele é uma forma simbólica de estancar a dor (o mal estar interno que causa sofrimento, confusão, perda de vontade de viver), como uma anestesia emocional.
Quando vivenciamos a dor, alguns sistemas do nosso cérebro se ativam e causam uma sensação momentânea de relaxamento. Qualquer tipo de autolesão (cortes, bater-se, beliscar-se) é sinal de que algo mais grave pode estar acontecendo (abusos, uso de substâncias, depressão, ideação suicida).
Sinais: roupas compridas, isolamento, desvio de olhar.
Como ajudar: esteja próximo. Converse sobre o assunto e garanta que este jovem não esteja sozinho. Se for da sua família, adote uma postura de acolhimento e mostre abertura para conversar sobre o que está difícil e disponibilize-se a procurar soluções junto com o adolescente. A ajuda psicológica é um dos caminhos mais eficazes, seja para o próprio adolescente ou para a família como um todo, pois muitas vezes, o sintoma do adolescente, é um sinal de que algo não vai bem na família.
LEMBRE-SE: Às vezes, não adianta perguntar “o que você tem?”, ou dizer “não precisa ficar assim”. Nem todas as nossas tristezas têm explicação, nem sempre sabemos claramente que o nos faz sofrer?”
A melhor forma de conversar com a pessoa que está em sofrimento emocional (um episódio depressivo ou uma crise de ansiedade, por exemplo) é fazer perguntas como: “como foi seu dia?”, “o que poderíamos fazer de diferente?”, ou incentivar os pequenos movimentos cotidianos, como: “nossa, que legal que saíste da cama mais cedo hoje”, “vi que se esforçou”. São frases que ajudam a pessoa a ir além, perceber-se capaz de lidar com o cotidiano apesar dos sintomas, enxergando novas possibilidades.



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